Secretário de Saúde detalha panorama da febre oropouche em Minas Gerais

Com ampliação da vigilância epidemiológica das arboviroses que circulam no estado, 72 casos da doença já foram identificados 

imagem de destaqueRafael Mendes / SES-MG

O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, concedeu coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (4/6), para esclarecer o panorama da febre oropouche (FO) no estado. Até o momento, foram identificados 72 casos em Minas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MG), da Fundação Ezequiel Dias (Funed). As amostras analisadas em maio foram coletadas entre os meses de março e abril de 2024 e tinham apresentado resultados não detectáveis para dengue, zika e chikungunya.

Baccheretti explicou que a doença circula no Brasil desde a década de 1960, mas só foi identificada este ano em Minas Gerais, por meio da ampliação da vigilância epidemiológica.

“A boa notícia é que, aparentemente, essa é uma doença menos letal. A febre oropouche não é transmitida pelo Aedes aegypti e os sintomas são muito parecidos com a dengue e chikungunya. Não foi notificada nenhuma morte no Brasil e nem internação por casos graves”, informou.

“Foram identificados casos positivos nos estados vizinhos este ano, especialmente na Bahia e Espírito Santo e, com esses casos próximos, acrescentamos no exame de painel viral o vírus do oropouche. Já tivemos 72 casos confirmados, até o momento, e, com a nova rotina de testagem, vamos ter novos diagnósticos”, destacou o secretário.

Como estratégia de vigilância ativa, o vírus da oropouche foi pesquisado em amostras coletadas em municípios de 14 das 28 Unidades Regionais de Saúde (URS) do estado: Barbacena, Belo Horizonte, Coronel Fabriciano, Divinópolis, Governador Valadares, Januária, Manhuaçu, Montes Claros, Passos, Patos de Minas, Pouso Alegre, Teófilo Otoni, Uberaba e Uberlândia. 

“Provavelmente a doença está circulando no estado desde o ano passado, quando tivemos muitos casos de chikungunya confirmados, especialmente na região Norte. Talvez, parte desses casos fossem de febre oropouche, mas não era feito o teste para o agravo na época”, detalhou Fábio Baccheretti. 

“De acordo com os resultados, os maiores números de confirmações de oropouche estão vinculados às regiões Leste e Vale do Aço do estado e por isso intensificamos a vigilância do agravo nesses territórios. Mas mantemos a recomendação de prevenção pois é importante cada um adotar os cuidados necessários dentro de casa”, pontua. 

Conforme o painel viral da Funed, foram identificados casos nas seguintes Unidades Regionais de Saúde:

  • 1 caso em Congonhas – URS Barbacena
  • 1 caso em Gonzaga – URS Governador Valadares
  • 2 casos em Ipatinga – URS Coronel Fabriciano
  • 26 casos em Coronel Fabriciano – URS Coronel Fabriciano
  • 30 casos em Joanésia – URS Coronel Fabriciano
  • 1 caso em Mariléia – URS Coronel Fabriciano
  • 11 casos em Timóteo – URS Coronel Fabriciano

Outros três casos foram identificados na URS de Belo Horizonte, mas são importados de Santa Catarina, e já notificados ao estado.

Sobre a doença 

A febre oropouche é causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae. Os principais sintomas são dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. O diagnóstico é clínico, epidemiológico e laboratorial e todo caso com diagnóstico de infecção pelo vírus deve ser notificado pelo município no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) esclarece que está acompanhando a evolução dos casos e conduz a devida investigação epidemiológica no estado, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (Cievs-Minas).

O agravo é transmitido para os humanos por meio da picada do mosquito maruim ou pólvora, muito comum em regiões de mangues, locais úmidos, como beiras de rios, ou com matéria orgânica, o que produz um ambiente ideal para sua proliferação. Na região silvestre, o hospedeiro mais comum é o bicho-preguiça e, nos ambientes urbanos, o ser humano. 

Ainda segundo Baccheretti, o mosquito não é comum em áreas urbanas e as equipes estão empenhadas e atuando nos locais com mais casos positivos identificados para detalhar o panorama da doença. “Esse mosquito é mais comum em áreas silvestres e rurais, como beiradas de rios e onde tem muita matéria orgânica e, provavelmente, não teremos grande expansão da doença, porque ela não é transmitida pelo Aedes aegypti. Nossa equipe já está atuando nas regiões com alta incidência no estado, realizando as investigações epidemiológicas para fazermos a análise de vínculo epidemiológico e entender o comportamento da doença”, ressaltou. 

“Os sintomas são parecidos com a dengue e, principalmente, com a chikungunya e o tratamento é feito com hidratação, a princípio, e baseado nos sintomas apresentados. Geralmente, com até sete dias os sintomas já desapareceram, mas pode ter uma nova sintomatologia, por isso é necessário se atentar à evolução do caso e observar se haverá sangramento, por exemplo. Nas regiões onde a doença já foi identificada, vale a pena se prevenir com roupas compridas e uso de repelente”, concluiu o secretário de saúde.

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