Marielle: delegado acusado de travar caso citou filho de Bolsonaro

Delegado acusado pela PF de atrapalhar investigação do caso Marielle revelou suposto namoro de filho de Bolsonaro com filha de Ronnie Lessa

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Um dos alvos da Polícia Federal na recente operação do caso Marielle Franco (PSol), o delegado Giniton Lajes foi o responsável por trazer à tona, em 2019, um suposto namoro de um dos filhos de Jair Bolsonaro com a filha de Ronnie Lessa, acusado de ter executado a vereadora.

Giniton é apontado, no relatório da PF que embasou a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, como o nome indicado pelo então chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, para “dirigir” as investigações “de forma a não revelar os mandantes do crime”.

Em 2019, Giniton disse à imprensa que um dos filhos de Bolsonaro teria namorado a filha de Ronnie Lessa. Na entrevista, entretanto, o delegado afirmou que o fato “não tinha importância” no momento e que “seria enfrentado num momento oportuno”.

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“Isso tem (o suposto relacionamento entre o filho de Bolsonaro e a filha de Lessa), mas isso, para nós, hoje, não importou na motivação delitiva. Isso vai ser enfrentado num momento oportuno. Não é importante para esse momento”, disse Lages, em entrevista no dia 12 de março de 2019.

Posteriormente, foi revelado que Jair Renan, filho 04 do ex-presidente, foi quem namorou a filha de Lessa. Jair Renan, porém, não foi citado em nenhum momento nas investigações pela PF. O único filho de Bolsonaro citado no relatório foi o senador Flávio Bolsonaro, como noticiou a coluna.

Para investigadores, Giniton teria mencionado o suposto namoro de um dos filhos de Bolsonaro com a filha de Ronie Lessa para tentar desviar o foco dos mandantes da morte de Marielle, os quais, segundo a Polícia Federal, seriam os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, presos no domingo (24/3).

“Garantir impunidade” no caso Marielle

No relatório da PF, Giniton é apontado como responsável por operacionalizar a “garantia da impunidade dos autores” da morte de Marielle. O delegado não chegou a ser preso, mas foi alvo de busca e apreensão no domingo, afastado de seus cargos e obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica.

“Posteriormente à execução dos crimes, Rivaldo, que passara a ocupar a função de chefe de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) indicou o delegado Giniton Lages para as investigações, ajustando com a autoridade policial que as investigações deveriam ser dirigidas de forma a não revelar os mandantes do crime”, diz o relatório do ministro Alexandre de Moraes.

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