Acesa a luz amarela. Alerta de perigo à vista

A demora da Justiça em julgar os líderes golpistas aumenta o desespero deles

Ricardo Noblat/Metrópoles

Agência Brasil

PF Bolsonaro Forças Armadas

Se o risco de um golpe parece ter passado, o desespero de civis e de militares suspeitos, convencidos de que serão punidos pela justiça com extremo rigor, entre eles generais, o ex-presidente da República e a gangue que o cercava, aumenta exponencialmente e poderá resultar em atos de pura loucura.

É um alerta com base no que se escuta baixinho de pessoas com assento em áreas da inteligência policial, e é também o que ensina a história desde que o homem se levantou e andou pela primeira vez. Os que não enxergam saída para seus tormentos são capazes de cometer as maiores insanidades.

Lula chamou Bolsonaro de “covardão”. De fato ele é, além de um sujeito atrapalhado, de baixo QI e de cultura rasa. De comum acordo com escalões do Exército que apoiaram sua eleição, Bolsonaro assumiu a Presidência com o intuito de dar um golpe logo nos primeiros meses de governo.

Somente ele e o então comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, sabem o que combinaram. Foi uma conversa que levarão para o túmulo. Décadas a fio, Bolsonaro foi tratado pelos militares como um “doido” que queria ficar rico. Depois, como um atalho para a volta deles ao poder.

Uma volta que dispensaria tanques nas ruas, feridos, mortos e corpos desaparecidos, enterrados em cemitérios clandestinos ou jogados ao mar. Uma volta que implicaria, mais tarde, segundo uma das hipóteses estudadas, no afastamento de Bolsonaro e na ascensão de um chefe militar. Quem seria?

Se a obsessão de Bolsonaro era enriquecer, a de Villas Bôas era a de reescrever a história do golpe que completará 60 anos. Os militares acham que a narrativa da esquerda sobre o golpe derrotou a sua sobre uma revolução democrática que livrou o Brasil do comunismo. E não se conformam.

De resto, não admitiriam o retorno da esquerda ao poder que tanto amaram durante 21 anos de ditadura. E o retorno poderia se dar com Lula após o mandato tampão de Temer. Ou com alguém escolhido por Lula, uma vez que ele fora preso justamente para dar passagem a Bolsonaro e à farda.

Mas o poder é afrodisíaco. E Bolsonaro, estimulado pelos filhos, desafiou os que planejaram, primeiro, controlá-lo, e adiante o substituírem. Restou aos militares cerrarem fileiras com Bolsonaro e atenderem ou não às suas convocações para dar o golpe que enterraria outra vez a democracia.

Foram três as ocasiões em que ouviram o apito: setembro de 2021, setembro e dezembro de 2022. Ainda não se conhece todas as razões pelas quais não atenderam ao sinal. Mas é fato que por três vezes o país esteve à beira de um golpe. Não fosse a justiça, mas não somente ela, o golpe teria sido aplicado.

Ações terroristas não dependem da adesão de instituições, mas de indivíduos, de células adormecidas ou montadas às pressas. O ódio é seu combustível. Inexiste hora para que acordem. Quanto mais a justiça demorar a julgar os cabeças dos golpes fracassados, mais crescerá a cólera deles.

Golpistas acampados à porta do QG do Exército saíram de lá em dezembro de 2022 para atacar o prédio da Polícia Federal no centro da cidade, atear fogo em ônibus e pôr uma bomba em um caminhão que, embora acionada, não explodiu. Se explodisse, destruiria parte do Aeroporto de Brasília.

Em 8 de janeiro de 2023, com Lula já empossado, saíram novamente para invadir a Praça dos Três Poderes e tomar de assalto o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal; e tomaram. Os militares esperavam que Lula os chamasse para restabelecer a ordem pública.

Era o que desejavam, e o decreto para isso estava pronto. Se assinado, finalmente o golpe teria se consumado.

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