Delegado da Mulher em Itabira reforça objetivo da unidade e do app ‘Chame a Frida’ em casos de violência

Tatiana Santos

Um levantamento do DataSenado de novembro de 2023, mostrou que mais de 25,4 milhões de brasileiras já sofreram violência doméstica provocada por homem em algum momento da vida. Em Itabira, os números são altos: 845 mulheres já foram alvo de violência somente no ano passado. Graças à Delegacia da Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Itabira, as vítimas têm resposta eficaz diante de situações de violência.

De acordo com o delegado responsável pela unidade, João Martins Teixeira, o foco principal do órgão é fazer com que a mulher se sinta à vontade para procurar a repartição, conhecendo seus direitos e todos os serviços que a unidade pode oferecer. O agente lembrou que não é apenas a agressão física um tipo de violência, mas a Lei Maria da Penha também prevê a violência moral, a psicológica, sexual e a violência patrimonial como passíveis de punição ao agressor. “Então, qualquer dúvida, qualquer suspeita de violência nos procure. A gente vai fazer o atendimento aqui. A gente pode pedir uma medida protetiva, encaminhar essa mulher para a rede para tratar com outras áreas de profissionais. E a gente está aberto [para atender]”, orientou.

Aplicativo importante: ‘Chame a Frida

O delegado ressaltou também a importância do aplicativo ‘Chame a Frida’, que é um serviço 24 horas, fácil e discreto, que auxilia no atendimento virtual das vítimas de violência doméstica. O app foi desenvolvido pela escrivã da PCMG Ana Rosa Campos, de Manhuaçu, e está sendo implantada em diversas delegacias de Minas Gerais. Em Itabira, o dispositivo foi iniciado no final de 2023. Funciona como um robô com respostas automáticas, em que a mulher pede informações 24h, tira dúvidas, e a ferramenta dá diversas diretrizes de como agir em determinados casos.

Ana Rosa Campos criou o app- Foto: Divulgação Instituto Innovare

O app também possibilita agendamento de horários de atendimento na delegacia, facilitando as denúncias. “Essa mulher não tem que vir aqui na delegacia e ficar esperando. Pode agendar um horário ali no ‘Chame a Frida’. Ao invés dela chegar, por exemplo, ao meio-dia e ficar esperando a fila, ela agenda uma ou duas horas, e as profissionais que vão atendê-las já vão estar à disposição, esperando a chegada dela”, definiu. Número da Frida: (31) 9 9398-6100

Rede de apoio

No município, há ainda uma parceria de dois anos com o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cream). Os servidores do parceiro atuam dentro da delegacia no período da tarde, com acompanhamento psicológico e de assistência social às vítimas, para serem melhor acolhidas em suas demandas. “A nossa ideia é diminuir a revitimização dessa mulher. O simples fato dela ter que narrar aquilo [violência] de novo, o aspecto traumático que ela viveu, isso já é uma violência”, esclareceu João Martins.

Conforme explicou, ao chegar na delegacia, ela passa por apenas um procedimento, ou seja, não precisa registrar o boletim de ocorrência, prestar o depoimento, só depois pedir a medida protetiva e ser atendida por psicólogos. Mas é tudo feito num mesmo momento, poupando a vítima de desgastes emocionais. O acompanhamento é constante após a acolhida inicial.

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