Milícia lavava dinheiro com artigos infantis e internet no RJ

Polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de empresas de internet, terraplanagem e até de artigos infantis

Thalys AlcântaraBruna Lima/Metrópoles

Reprodução

Foto colorida do miliciano Zinho - Metrópoles

A milícia de Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, que atua na zona oeste do Rio de Janeiro, usa empresas de internet, terraplanagem e até artigos infantis para lavar dinheiro do crime. É o que investiga o Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), que cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, na quarta-feira (28/2), em endereços ligados a essas empresas.

De acordo com os investigadores, uma das empresas usadas pelos milicianos é a Nana Import Comércio de Artigos Infantis, que funciona no bairro Santa Cruz.

A loja, que existe desde 2019, vende roupas para crianças e bebês, além de artigos infantis, como brinquedos, bonecas e ursinhos. No entanto, o comércio seria usado, na verdade, para lavar dinheiro da milícia.

Uma das sócias da Nana Import é Elisangela da Silva Braga, irmã do miliciano Zinho. Ele se entregou para a polícia em dezembro. Ambos são irmãos Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto pela polícia em junho de 2021. Zinho “herdou” a posição de Ecko.

O Cifra é uma cooperação do governo federal, das forças de Segurança do Rio de Janeiro, do Ministério Público Federal e fluminense e dos órgãos de fiscalização financeira, como a Receita Federal.

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Internet com fibra óptica

Entre os alvos da polícia na operação de quarta estão as empresas prestadoras de serviço de internet Estrelar Web, TC7 e Santa Web, todas com atuação na região de Santa Cruz.

A Estrelar Web já havia sido alvo da Polícia Civil em 2020, em uma operação contra o miliciano Ecko. Na época, a empresa tinha cerca de 110 mil assinantes em Itaguaí, Santa Cruz e Sepetiba, na Zona Oeste, com um faturamento mensal de quase R$ 6,5 milhões.

Em meados do ano passado, só a TC7 chegou a ter 45 funcionários formalizados.

Segundo cálculos dos investigadores responsáveis pela operação desta semana, o Bonde do Zinho movimentou R$ 135 milhões em sete anos.

De acordo com a coluna do Guilherme Amado, do Metrópoles, a Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou R$ 70 mil dentro de um cofre na sede da Estrelar. Um terceiro cofre foi levado para perícia na Cidade da Polícia.

Outras empresas

Também foram alvos da operação policial os endereços da empresa Senna Terraplanagem e da Macla Extração e Comércio de Saibro. A última inclusive é de propriedade do próprio Zinho.

Mandados de busca ainda foram cumpridos em endereços ligados ao ex-PM Cássio Rodrigues Franco, sócio da Estrelar Web, e de Vanessa Franco, sócia da TC7, mas que aparece vinculada à Estrelar em processos judiciais.

A reportagem entrou em contato com as empresas citadas na reportagem por telefone e rede social, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

Em sua página no Instagram, a Estrelar Web escreveu que devido a uma operação policial, o sinal de internet foi interrompido. “Nosso setor jurídico já está verificando as medidas cabíveis para a normalização do nosso sinal”.

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