Infectologista explica que algumas pessoas são mais vulneráveis à dengue hemorrágica. Sintomas incluem sangramentos nas mucosas
João Vítor Reis/Metrópoles
A dengue grave, também conhecida como hemorrágica, ocorre quando a doença afeta as plaquetas, células do sangue responsáveis pela coagulação, levando a hemorragias internas e externas. O quadro pode ser fatal em pessoas com o sistema imunológico fragilizado.
“O quadro se desenvolve quando o sistema imunológico reage exageradamente ao vírus, prejudicando os tecidos do corpo. Isso pode causar vazamento de plasma dos vasos sanguíneos para os tecidos, levando a uma queda perigosa na pressão arterial e, às vezes, a um choque que ameaça a vida”, afirma o infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e professor da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp).
O problema é desencadeado, na maior parte das vezes, em uma segunda infecção por um sorotipo diferente do vírus da dengue. Nessas ocasiões, os anticorpos não têm as armas certas para proteger o corpo adequadamente, e enquanto não percebem que estão lidando com outro tipo do patógeno, ele se desenvolve. Além disso, fatores como genética e saúde geral também podem influenciar na gravidade da dengue.
Segundo o infectologista Claudilson Bastos, do Sabin Diagnóstico e Saúde, os sintomas de dengue grave geralmente começam com pequenos sangramentos, como no nariz e gengivas, ou manchas na pele causadas pela baixa contagem de plaquetas.
“Esses sintomas podem aparecer de um a sete dias após o início da febre. Alguns sinais de alerta incluem vômitos persistentes e dores abdominais. Procure uma emergência diante de qualquer uma das manifestações, especialmente se você for do grupo de risco”, alerta Bastos.
O grupo de risco inclui indivíduos que já lidam com alterações no sangue ou têm o sistema imunológico enfraquecido:
- Pessoas já infectadas anteriormente pela dengue;
- Pacientes com diabetes;
- Gestantes;
- Idosos;
- Crianças de colo;
- Pessoas com problemas cardiovasculares;
- Indivíduos com problemas respiratórios;
- Pacientes com obesidade;
- Pessoas com leucemia, linfomas e cânceres em geral.
Indivíduos que se encaixam nessas categorias podem sofrer complicações mais graves ainda, como grande perda sangue e até a morte. Por isso, é indicado procurar um médico ao perceber os primeiros sintomas de que algo está errado.
Como tratar um paciente grave
De acordo com a infectologista Simone Fernandes, da Conexa (plataforma digital de saúde), pacientes com risco de dengue hemorrágica seguem um protocolo de hidratação inicial intravenosa, com reavaliação em até duas horas.
“Se não houver resposta após três tentativas de hidratação, são feitos procedimentos mais avançados em uma sala de emergência ou unidade de terapia intensiva. O tratamento pode envolver o uso de outros líquidos, transfusão de sangue (como hemácias e plaquetas) e medicamentos para manter a função do coração e dos rins, além de procedimentos para garantir que as vias respiratórias permaneçam desobstruídas”, destaca Simone.
Prevenção da dengue
Prevenir a dengue passa por evitar a proliferação do Aedes aegypti. Para isso, é essencial eliminar focos de água parada em locais como pneus, calhas, lajes e baldes. Use telas, tampas, mosquiteiros, larvicidas e repelentes — os mosquitos aproveitam depósitos de água limpa para se reproduzir.
Interferir no ciclo de vida e reprodução do vetor sempre será a medida mais eficaz para combater a dengue, assim como a vacina, segundo os infectologistas.