Brasileiro foi bicampeão da Indy na era CART e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis em 2003
Guilherme Longo
O ano de 2023 vai encerrando de forma triste para o automobilismo brasileiro e mundial. Morreu nesta sexta-feira (29) aos 56 anos, o ex-piloto Gil de Ferran. A informação foi confirmada pelo Motorsport.com com membros do círculo próximo do piloto.
Gil estava pilotando em no circuito privado “The Concours Club”, na Flórida, quando sofreu um mal súbito. Ele conseguiu parar o carro e foi ressuscitado no local, sendo transportado ao hospital ainda com vida, mas não resistiu. Atualmente, De Ferran vinha atuando como consultor da McLaren na Fórmula 1 durante o processo de reestruturação da equipe.Leia também:
Considerado por muitos o melhor piloto brasileiro que não chegou à F1, de Ferran teve uma carreira de sucesso no automobilismo. Gil nasceu já no meio automotivo. Seu pai, Luc, era engenheiro mecânico na Ford.
Nos anos 1960, Luc estava fazendo um estágio na sede da Renault na França para estudar o desenvolvimento de um novo carro quando Gil nasceu, em 11 de novembro de 1967. De volta ao Brasil, começou sua vida no esporte a motor ainda na década de 1970, quando ganhou seu primeiro kart com apenas cinco anos.
Sua trajetória competitiva começou no início dos anos 1980, inspirado pelo sucesso de Emerson Fittipaldi na F1. No final da década, foi para a Europa, onde competiu em em categorias como a Fórmula 3 Britânica e a Fórmula 3 Internacional 3000.
Correndo pela Paul Stewart Racing na F-Internacional, de Ferran foi quarto colocado em 1993 e disputou o título no ano seguinte. Sua performance o levou a fazer um teste com a Arrows na F1 junto com Jos Verstappen, pai do tricampeão Max. Mas sua oportunidade foi comprometida após cair próximo do motorhome e bater a cabeça.
Mas foi nos EUA onde teve seu maior sucesso. No final de 1994, fez um teste para a CART com a Hall/VDS Racing. A patrocinadora da equipe temia que de Ferran não fosse conhecido o suficiente para o carro, mas sua performance impressionou, garantindo sua estreia na categoria com o time no ano seguinte, conquistando sua primeira vitória na última corrida do campeonato, em Laguna Seca.
Em 1997, de Ferran foi para a Walker Racing e, já em seu primeiro ano com a equipe, conquistou o vice-campeonato, acumulando sete pódios em 17 etapas.
Ele ficou mais dois anos com a Walker antes de uma troca para a Penske no começo de 2000. Com duas vitórias ao longo do ano, conquistou seu primeiro título na categoria após uma grande disputa com o mexicano Adrián Fernández e o brasileiro Roberto Pupo Moreno. Na temporada seguinte, emplacou o bicampeonato em cima do sueco Kenny Bräck e Michael Andretti.
Em 2002, já no período de transição para a Indy, de Ferran seguiu na Penske e, com mais duas vitórias na temporada, terminou na terceira posição.
Outro momento de glória de de Ferran na Indy veio em sua última temporada na categoria, em 2003. Gil foi o vencedor de uma 500 Milhas de Indianápolis que marcou o automobilismo nacional, com um top 3 100% brasileiro, com Helinho Castroneves em segundo e Tony Kanaan em terceiro. Ele terminou o ano com o vice-campeonato.
Gil ainda detém o recorde de maior média velocidade obtida em um circuito da história, cerca de 386 km/h no California Speedway em 2000.
Após sua aposentadoria da Indy, de Ferran voltou para o mundo da F1, mas fora das pistas, atuando como diretor esportivo da equipe BAR, onde ficou até o meio de 2007 devido à diferenças com a direção do time.
Com sua saída da BAR, de Ferran anunciou seu retorno às pistas em 2008. Com a criação da “de Ferran Motorsports”, Gil entrou na American Le Mans Series no meio da temporada e, logo de cara, entregou bons resultados na classe LMP2, com três pódios em oito provas.
No ano seguinte, foi escolhido pela Honda para ser a equipe oficial de desenvolvimento da Acura na LMP1. Com cinco vitórias e mais dois segundos lugares nas dez etapas de 2009, terminou com o vice-campeonato antes de confirmar sua aposentadoria definitiva das pistas.
De volta aos cargos de gerência, de Ferran retornou à Indy em 2010 em uma fusão com a Dragon Racing. A “De Ferran Dragon Racing” disputou a temporada 2010 com o brasileiro Raphael Matos e o americano Devey Hamilton como pilotos. Mas a equipe fechou as portas antes do começo de 2011 devido à falta de patrocínios.
Anos depois, de Ferran voltou ao mundo da F1. Em 2018 ele foi contratado pela McLaren para ocupar o cargo de diretor esportivo no lugar de Éric Boullier, ficando no time de Woking até o começo de 2021.
No início de 2023, ele retornou à McLaren na função de consultor após a saída de Andreas Seidl do cargo de chefe de equipe como parte do processo de reestruturação liderado pelo novo comandante, Andrea Stella.
Gil de Ferran deixa sua esposa, Angela, e os filhos Anna e Luke.
Gil estava como consultor na McLaren, que viveu uma grande evolução em 2023; entenda
https://br.motorsport.com/v/640781/?edition=mst%2Fbr&url=https%3A%2F%2Fmotorsport.uol.com.br%2Findycar%2Fnews%2Fmorre-gil-de-ferran-aos-56-anos%2F10561434%2F&mstv_player_position=embed&ms_series=indycar
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