Boletim CNA/Cepea aponta pressão nas cotações e Conab indica retração no preto e estabilidade no carioca
Giulia Di Napoli/ Itatiaia

No mercado do feijão carioca as quedas refletiram maior oferta em praças estratégicas
Os preços médios dos feijões carioca e preto recuaram entre 6 e 14 de novembro, reflexo de um mercado pouco ativo e da maior oferta em importantes regiões produtoras, destaca o indicador CNA/Cepea.
Segundo o boletim, a demanda segue pontual, direcionada principalmente à reposição imediata, enquanto a oferta permanece maior, especialmente no Sudeste, com entrada de lotes mais claros, de variedades de escurecimento lento e com boa granulação. No caso do feijão preto, a maior presença de lotes comerciais também elevou a pressão sobre as cotações.
Feijão carioca e feijão preto
No mercado do feijão carioca de notas 9 ou superiores, as quedas refletiram maior oferta em praças estratégicas. Em Itapeva, no interior de São Paulo, o recuo foi de 2,04%, cenário que mantém a atenção dos agentes para os impactos das chuvas sobre a qualidade durante a colheita.
Em outras regiões, produtores optaram por segurar parte da produção, liberando apenas volumes pontuais. Ainda assim, houve desvalorizações em Sorriso (MT), de 2,09%, no Noroeste de Minas, de 1,77%, e no Centro/Noroeste Goiano, de 1,76%. A única alta foi registrada no Leste Goiano, onde as médias avançaram 0,94%.
Em relação aos feijões carioca com notas entre 8 e 8,5, o comportamento também foi de ajustes negativos. A maior presença de lotes com manchas, defeitos ou umidade elevada, aliada à demanda mais lenta, pressionou os valores.
No Centro/Noroeste Goiano, a queda chegou a 4,4%, e, no Leste Goiano, a 3,7%. O Sul Goiano destoou do restante do estado, registrando valorização de 5%, sustentada pela postura firme dos produtores. Em Sorriso (MT) e Itapeva (SP), as baixas foram mais moderadas, de 0,22% e 0,47%, respectivamente.
Já no mercado do feijão preto tipo 1, a cultura permaneceu pressionada pelos lotes comerciais predominantes na entressafra. Entre 6 e 13 de novembro, as cotações recuaram 2,4% em Curitiba (PR) e 1,1% na Metade Sul do estado. No Oeste Catarinense, houve recuperação de 1,6%, mas sem alterar a percepção geral de mercado acomodado e com baixa liquidez.
Mercado externo
No cenário externo, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou, no dia 10, a abertura do mercado do Líbano para o feijão preto brasileiro, após novas negociações sanitárias e fitossanitárias conduzidas em parceria com o Itamaraty. Em um ano marcado por recorde de exportação, o acordo amplia as alternativas de escoamento do produto, especialmente para estados com maior vocação exportadora.
Projeções de safra
Para o assessor técnico da CNA, Tiago Pereira, as projeções divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, embora a produção prevista de feijões para 2025/26, de 3,1 milhões de toneladas, seja semelhante à da safra anterior, há diferenças relevantes entre os tipos.
Segundo ele, a primeira safra deve recuar 8%, para 977,9 mil toneladas, puxada pela forte redução de 37,3% na produção de feijão preto, estimada em 207 mil toneladas. O feijão carioca deve se manter praticamente estável, com 589,1 mil toneladas, enquanto o caupi apresenta crescimento expressivo, alcançando 181,6 mil toneladas, alta de 30%.
O técnico ressalta que, nas segunda e terceira safras, o cenário é de recuperação, com aumentos de 3,5% e 5,7%, respectivamente. No agregado, a disponibilidade total deve atingir 3,22 milhões de toneladas em 2026, abaixo das 3,39 milhões previstas para 2025, enquanto o consumo doméstico permanece em 2,8 milhões de toneladas e as exportações são projetadas em 214,4 mil toneladas.