Entre os anos de 2022 e 2025, o Vale do Aço registrou queda nas ocorrências policiais envolvendo pessoas idosas. O total regional passou de 1.426 registros em 2022 para 1263 em 2024, o que representa uma redução de aproximadamente 11,43% em dois anos. Considerando apenas o ano de 2025, até setembro, já foram registradas 978 ocorrências policiais, considerando as cidades de Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, o que representa 77,47% do montante registrado nas quatro cidades em 2024, indicando continuidade da queda para este ano.

Para fins desta análise, são consideradas vítimas as pessoas com 60 anos ou mais de idade, conforme estabelece o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003).
Segundo o Delegado-Geral de Polícia Gilmaro Alves, chefe do 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga, o resultado positivo é fruto de “ações integradas de prevenção, conscientização e fortalecimento dos vínculos comunitários com foco na proteção da população idosa, bem como de campanhas educativas e parcerias com instituições de longa permanência, principalmente com as prefeituras municipais, por meio de seus gestores que sempre tem auxiliado as forças de segurança pública de nossa região, contribuindo para reduzir as reincidências e estimular denúncias responsáveis”.
Evolução das Ocorrências por Município (2022–2025)
Município 2022 2023 2024 2025*
Ipatinga 595 682 537 447
Coronel Fabriciano 434 427 405 330
Timóteo 329 291 286 183
Santana do Paraíso 68 39 35 18
Total 1.426 1.439 1.263 978
Dados referentes até setembro de 2025.
Tendência Regional e Análise Técnica
A partir de 2023, observa-se uma tendência consistente de queda nas ocorrências envolvendo idosos em todos os municípios do Vale do Aço. Entre os fatores que explicam essa redução, destacam-se:
Campanhas de conscientização sobre violência patrimonial e psicológica;
Aprimoramento do atendimento especializado nas unidades da Polícia Civil, com foco no acolhimento humanizado;
Integração interinstitucional entre Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério Público, Secretarias Municipais e Conselhos de Assistência Social.
O Delegado-Geral reforça que “a prioridade é cuidar de quem cuidou de nós. A Polícia Civil tem se comprometido não apenas a investigar, mas a prevenir, proteger e orientar a sociedade sobre os direitos das pessoas idosas”.
Tipos de Violência e Previsões Legais
Entre as ocorrências registradas, sobressaem-se diferentes modalidades de violência previstas no Estatuto do Idoso e no Código Penal Brasileiro:
Violência Física
Agressões, empurrões, tapas, queimaduras, maus-tratos ou qualquer forma de força que cause dor ou lesão corporal. Na maioria dos casos, o agressor pertence ao próprio núcleo familiar, o que dificulta as denúncias e exige a atuação articulada de profissionais de saúde, agentes de proteção e órgãos de controle social.
Violência Psicológica e Moral
Prevista no art. 96 do Estatuto do Idoso, abrange humilhações, ameaças, chantagens, isolamento e tratamento degradante. Trata-se de uma forma silenciosa e recorrente, geralmente associada à dependência econômica ou emocional.
Negligência e Abandono
Tipificados nos arts. 98 e 99 do Estatuto do Idoso e no art. 133 do Código Penal (abandono de incapaz), configuram-se pela falta de cuidados básicos como alimentação, higiene, medicação e acompanhamento médico.
O Delegado reforça:
“Negligência também é uma forma de violência. Deixar de cuidar de um idoso dependente é crime e deve ser denunciado”.
Violência Patrimonial e Financeira
É a modalidade que mais cresce na região e engloba:
Estelionato (art. 171 do Código Penal);
Apropriação de proventos (art. 102 do Estatuto do Idoso);
Fraudes digitais e golpes eletrônicos, previstos nos arts. 171-A e 154-A do Código Penal, conforme a Lei Carolina Dieckmann e o Pacote Anticrime.
Segundo o Delegado Gilmaro Alves, o estelionato digital tornou-se uma das principais ameaças aos idosos, impulsionado pelo uso de aplicativos, redes sociais e operações bancárias virtuais.