STF retoma julgamento do núcleo de desinformação com voto de Moraes

Alexandre de Moraes é o primeiro a votar na ação sobre a trama golpista. Expectativa é que o julgamento seja concluído ainda nesta terça
Manoela AlcântaraPablo Giovanni/Metrópoles

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, nesta terça-feira (21/10), o julgamento do núcleo 4, conhecido como o grupo de desinformação, no âmbito do processo referente à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ao todo, são sete réus acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de propagar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas.

A primeira fase do julgamento teve sustentações orais dos advogados e manifestação da PGR pela manutenção do pedido de prisão de todos os integrantes do núcleo. Agora, nesta terça, às 9h, a análise é retomada com o voto do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. Depois dele, na sequência, votam:

  • Cristiano Zanin;
  • Luiz Fux;
  • Cármen Lúcia; e
  • Flávio Dino, presidente da Turma.

A expectativa é que o julgamento seja concluído ainda nesta terça, com o apontamento de culpados ou inocentes e com a dosimetria, em caso de condenação. Se não houver tempo suficiente para a conclusão do julgamento, há previsão de sessão extra para esta quarta-feira (22/10).

Quem são os réus

A maioria dos réus do núcleo 4 é formada por militares. Entre eles, está o major expulso do Exército Ailton Gonçalves Barros. Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), ele discutiu com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em dezembro de 2022, possível golpe de Estado em que as Forças Armadas tomariam o poder no país.Play Video

Os investigadores afirmam que a conversa foi registrada em três áudios, o que corrobora a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra o major. Ailton foi candidato a deputado estadual pelo PL do Rio de Janeiro em 2022 e, durante a campanha, se apresentava como o “01 do Bolsonaro”, mas não conseguiu se eleger.

Imagem colorida, Ailton Gonçalves Moraes Barros - Metrópoles
Ailton Gonçalves Moraes Barros

Outro réu é o major da reserva Ângelo Martins Denicoli, que, segundo a PF, atuou diretamente com o ex-marqueteiro de Javier Milei, presidente da Argentina, na tentativa de descredibilizar as eleições brasileiras e apontar supostas fraudes nas urnas.

O militar teria coordenado a produção e difusão de estudos que alegavam identificar “inconsistências” nas urnas eletrônicas do Brasil, em parceria com Fernando Cerimedo, poupado pela PGR na denúncia.

Imagem colorida, Angelo Martins - Metrópoles
Angelo Martins Dernicoli

Também é réu o engenheiro e presidente do Voto Legal, Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, responsável, a pedido do PL, pela elaboração de um relatório em 2022 que apontava supostas falhas nas urnas eletrônicas.

Com base nesse documento, o partido de Bolsonaro defendeu que as alegações justificariam a anulação de parte dos votos computados.

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha desenvolveu urnas para o TSE e foi indiciado com o ex-presidente Jair Bolsonaro
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha desenvolveu urnas para o TSE e foi indiciado com o ex-presidente Jair Bolsonaro

O subtenente Giancarlo Gomes Rodrigues, militar cedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Alexandre Ramagem — já condenado no julgamento do núcleo 1 —, também é acusado. Segundo a PF, ele teria usado ferramentas da Abin, como o sistema First Mile, para disseminar informações falsas.

Foto colorida de Giancarlo Gomes Rodrigues - Metrópoles

Reprodução

O tenente-coronel do Exército Guilherme Marques de Almeida comandava o 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, com sede em Goiânia. Ele aparece em um áudio divulgado pela PF sugerindo a necessidade de “sair das quatro linhas da Constituição” para viabilizar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Imagem colorida mostra militar que desmaiou durante operação da PF - Metrópoles

Divulgação/Exército

O coronel do Exército Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como “Velame”, é investigado na Operação Contragolpe por integrar um grupo de militares suspeitos de planejar uma operação para sequestrar e matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes (STF).

Velame foi chefe de gabinete do general Mário Fernandes e, em conversa com o superior, defendeu uma ruptura democrática. “Quatro linhas da Constituição é o caceta”, disse.

Coronel reformado do Exército, Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como "Velame".
Coronel reformado do Exército, Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como “Velame”

O agente da Polícia Federal (PF) Marcelo Araújo Bormevet, segundo as investigações, fazia parte de um núcleo paralelo da Abin, no qual atuava como servidor e secretário de Planejamento e Gestão.

Considerado um dos nomes de Alexandre Ramagem dentro da agência, Bormevet chegou a ordenar que um subordinado agredisse um assessor do então presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.

Foto colorida do policial Marcelo Araújo Bormevet - Metrópoles

Reprodução

Os réus são acusados de cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Núcleos

Após a condenação dos integrantes do núcleo 1, o do ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve pena imposta de 27 anos de prisão, ainda restam 23 réus a serem julgados por participação na tentativa de golpe. A expectativa do STF é concluir todos os processos referentes aos núcleos até o fim do ano.

Leia também

Além do núcleo 4, o núcleo 3 — conhecido como o dos “kids pretos” — tem julgamento agendado para novembro, dividido em quatro sessões, conforme determinação do presidente da Primeira Turma, ministro Flávio Dino.

O mesmo formato será adotado para o núcleo 2, cujo julgamento foi agendado para os dias 9, 10, 16 e 17 de dezembro.

Receba notícias de Brasil no seu WhatsApp e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal de notícias do Metrópoles no WhatsApp.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *