CPMI ouve sócio e “carregador de mala” do Careca do INSS nesta segunda

Investigações da Polícia Federal mostram que Rubens Oliveira Costa movimentava cifras milionárias no esquema e fazia saques altos
Evellyn Paola/Metrópoles

Rubens Oliveira Costa, um dos sócios de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, presta depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nesta segunda-feira (22/9), às 16h. Ele vai na condição de convocado, ou seja, é obrigado a comparecer ao colegiado. Rubens é classificado como testemunha, e não como investigado.

No entanto, o “carregador de mala” do Careca do INSS está protegido por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Isto é, ele não tem obrigação de responder às perguntas feitas pelos deputados e senadores e pode optar pelo silêncio.

Farra do INSS

escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.

As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.

De acordo com a investigação da Polícia Federal, Rubens Oliveira Costa é o “carregador de mala” do Careca do INSS. Ele sacou R$ 919,4 mil de empresas de Antonio Antunes, Romeu Antunes e Thaisa Jonasson, companheira do ex-procurador do INSS Virgilio Oliveira Filho, um dos receptores de propina do esquema.

Rubens também aparece como um dos sócios da empresa “Venus Consultoria & Assessoria Empresarial S/A”, juntamente com Alexandre Guimarães, ex-diretor do INSS, que participou de uma reunião com o atual ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT), na sede do Ministério, durante a transição dos governos de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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CPMI ouve sócio de “Careca do INSS”

  • Rubens Oliveira Costa aparece nas investigações da Polícia Federal como um dos sócios do “Careca do INSS”;
  • Seu depoimento estava marcado para a última quinta-feira (18/9), mas o colegiado se estendeu na oitiva de outras duas testemunhas e não deu tempo de concluir;
  • Rubens é classificado como testemunha, e não como investigado;
  • No entanto, está sob habeas corpus do STF e não tem obrigação de responder às perguntas dos parlamentares.

A oitiva estava marcada, a princípio, para a última quinta-feira (18/9). Mas o colegiado levou mais de sete exaustivas horas para interrogar o advogado Nelson Wilians, que não respondeu à maioria das perguntas. Ele repetiu constantemente que “nada” tinha “a ver com as fraudes do INSS”. Outra frase usada frequentemente foi: “Reafirmo que nada tenho a ver com o objeto desta CPMI”.

Parlamentares que integram a comissão foram ouvidos pelo Metrópoles. Eles afirmam que, se o sócio do Careca do INSS adotar a mesma postura que Nelson Wilians, poderá sair como investigado, tendo chegado como testemunha.

Depois da oitiva do advogado, ainda na quinta anterior, a comissão recebeu o contador e um outro sócio de Antonio Carlos Camilo Antunes, Milton Salvador de Almeida Junior. Segundo a PF, ele ingressou em cinco sociedades com movimentações milionárias feitas em um mês — entre junho e julho de 2024. São elas:

  • ACCA Consultoria Empresarial S/A;
  • ACDS Call Center Ltda;
  • Brasilia Consultoria Empresarial S/A;
  • Camilo Comércio e Serviços Ltda.; e
  • Prospect Consultoria Empresarial Ltda.

Milton Salvador, ou empresas relacionadas a ele, teria recebido R$ 48,3 milhões de entidades associativas e empresas intermediárias investigadas pela PF. Ele antecedeu Rubens Oliveira na função de assessor financeiro nas empresas citadas, e ambos chegaram a trabalhar juntos por alguns meses.

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