Saiba o que acontece com o corpo se você malhar de barriga vazia

Mais pessoas têm optado por treinar em jejum, mas especialistas apontam que a prática traz alguns riscos à saúde

Bruno Bucis/Metrópoles

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Jovem desportista malhando com uma barra no clube de saúde. Metrópoles treinar em jejum

Com os jejuns intermitentes cada vez mais em voga, mais gente tem optado por malhar de barriga vazia. Especialistas apontam que a prática pode até ser benéfica para alguns, mas é preciso fazê-la com planejamento e de acordo com seus objetivos de saúde, já que em alguns casos a restrição pode ser prejudicial.

Primeiro, é preciso entender que o treino em jejum não é para todos. Pessoas que buscam aumentar a massa muscular, não devem fazê-lo, já que há um risco de que a falta de comida comprometa os resultados e leve até à diminuição da massa magra.

Benefícios de treinar em jejum

Segundo o nutricionista esportivo e personal trainer Felipe Marangon, da Premiere Training Gym, em Brasília, treinar de barriga vazia tem como principal efeito no organismo o aumento do gasto calórico. Como não há nenhum alimento disponível para ser digerido, o corpo precisa buscar energia de outras fontes, consumindo suas reservas de gordura.

“Além de levar a um maior emagrecimento, o treino em jejum tem efeitos nos níveis de açúcar do organismo, tornando a insulina disponível mais eficaz, mesmo após o treino, em sua tarefa de controlar a glicose. E, se a prática for intensa, o jejum pode ofertar mais testosterona ao organismo”, resume o especialista.

Para quem quer fazer os treinos em jejum, o conselho é que a atividade não tenha duração superior a 60 minutos e que os profissionais que acompanham a prática sejam avisados para planejar treinos adequados.

A endocrinologista Priscilla Martins, professora da Faculdade Uniguaçu, no Rio de Janeiro, recomenda que, ao adotar o jejum, o ideal é ir fazendo pequenas adaptações em vez de uma mudança brusca. “Recomendo que o primeiro treino seja feito duas ou três horas após se alimentar e que se vá progredindo aos poucos, até chegar ao exercício com sete horas de jejum, como costuma ser a atividade da manhã para quem faz o jejum intermitente neste horário”, aconselha.

Riscos da prática

A atividade física em jejum, porém, não apresenta só benefícios. Marangon destaca que, embora existam evidências de que o jejum pode aumentar a perda de peso, em estudos feitos a longo prazo, pessoas que treinaram alimentadas e em jejum tiveram resultados semelhantes, desde que fosse mantido o déficit calórico, ou seja, que se ingerisse menos calorias do que era consumido ao longo do dia.

Priscilla concorda com Marangon. “A perda de peso ocorre pelo déficit calórico e não pelo período de jejum em si. Para quem conseguiu se adaptar bem ao jejum, pode ser uma boa pedida, mas é preciso fazer ajustes no treino e na dieta para não colocar a saúde em risco”, orienta a médica.

Os riscos incluem a possibilidade de queda de desempenho, fadiga precoce, tonturas e hipoglicemia. O treino em jejum também pode levar ao catabolismo muscular, quando o corpo, sem nutrientes suficientes, começa a usar a musculatura como fonte de energia.

“Ao obrigar o organismo a buscar energia em suas reservas, pode-se levar o corpo a operar em níveis baixos de energia, levando a dores de cabeça, tontura, fraqueza, e podendo chegar a casos mais graves de desmaios. Outra consequência muito comum naqueles que treinam em jejum é a redução da pressão arterial”, completa o nutricionista.

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