Pressionado, Nicolás Maduro colocou a culpa no atraso da divulgação dos resultados em um ataque hacker contra o Conselho Nacional Eleitoral
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Com o aumento da pressão interna e externa, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu entregar 100% das atas eleitorais que estão nas mãos de seu partido e, assim, comprovar sua vitória nas eleições do último fim de semana. O mandatário linha dura, no entanto, não disse quando os registros serão disponibilizados ao público.
Em entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros, em que chegou a afirmar que Jair Bolsonaro (PL) faz parte de uma “ala fascista internacional”, Maduro colocou a culpa no atraso da divulgação dos resultados em um ataque hacker contra o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Desde as eleições realizadas no domingo (28/7), autoridades venezuelanas afirmam que o órgão eleitoral está sob ataque, e até a noite dessa quarta-feira (31/7) o site do CNE ainda estava fora do ar.
Sem provas, o herdeiro político de Hugo Chávez acusou o bilionário Elon Musk de estar por trás do suposto ataque hacker contra o órgão eleitoral venezuelano, equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil.
Protestos
Além da pressão vinda da comunidade internacional, o regime de Nicolás Maduro enfrenta uma série de protestos na Venezuela após as eleições.
Devido à insatisfação com a falta de transparência do pleito, as ruas de diversas cidades venezuelanas foram tomadas por manifestantes contrários ao chavismo, que questionam a reeleição de Maduro.
De acordo com a líder da oposição, María Corina Machado, ao menos 16 pessoas morreram durante os atos, classificados por ela como uma “escalada cruel e repressiva” do governo chavista. Além disso, centenas de pessoas foram detidas no decorrer das manifestações.
Segundo a ONG Foro Penal, especializada em direitos humanos na Venezuela, ao menos 429 pessoas foram presas até essa quarta-feira (31/7). Já os números da Procuradoria-Geral do país falam em mais de 740 detidos nas manifestações.
Oposição “atrás das grades”
Maduro subiu o tom contra seus principais opositores, María Corina Machado e Edmundo González, e chegou a afirmar que os dois deveriam estar “atrás das grades” por supostamente incentivarem as manifestações no país.
“Essas pessoas têm que estar atrás das grades, e tem que haver justiça”, disse Maduro nessa quarta-feira (31/7).
Para Maduro, as mãos dos dois estão “manchadas de sangue” por serem os nomes atrás dos protestos que tomaram conta da Venezuela desde sua reeleição.