Ex-chefe da Receita se complica na CGU com mensagem para liberar joias

Guilherme Amado/Eduardo Barretto

Julio Cesar Vieira Gomes, ex-chefe da Receita Federal no governo Bolsonaro, atuou para liberar joias sauditas apreendidas; CGU investiga

Divulgação

Julio Cesar Vieira Gomes

As mensagens interceptadas pela Polícia Federal (PF) entre o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes e o tenente-coronel Mauro Cid serão usadas em uma apuração na Controladoria-Geral da União (CGU) contra Gomes, que tentou liberar as joias sauditas apreendidas pela Receita no fim do governo Bolsonaro. Documentos da investigação contra Jair Bolsonaro e entorno tiveram o sigilo retirado na segunda-feira (9/7).

A CGU já havia aberto um processo administrativo disciplinar contra Gomes por sua atuação como secretário da Receita Federal em 2022. O ex-chefe da Receita pediu demissão da carreira de auditor-fiscal no ano passado. Mesmo assim, a CGU tem a atribuição de investigar sua atuação quando foi servidor público.

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Na PF, a expectativa é que as mensagens façam a Controladoria avançar na apuração. A PF indiciou Gomes na semana passada por peculato, lavagem de dinheiro, crime funcional de advocacia administrativa perante a administração fazendária.

As comunicações entre Gomes e Cid mostraram a intenção do então chefe da Receita para liberar as joias sauditas apreendidas pela Receita no aeroporto de Guarulhos. “Avisou o presidente que vamos recuperar os bens?”, perguntou Gomes a Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, em dezembro de 2022. Cid respondeu: “Avisei!”.

Em fevereiro de 2023, já durante o governo Lula e antes de a apreensão vir a público, Gomes procurou Cid novamente. “Vai precisar de procuração do Bento Albuquerque. É viável?”, perguntou, ao que Cid respondeu: “Acho que sim”. Albuquerque, ministro de Minas e Energia no governo Bolsonaro, também foi indiciado pela PF no inquérito das joias sauditas. O ex-ministro recebeu em nome de Bolsonaro uma das joias desviadas irregularmente.

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