Há poucos meses das eleições municipais, Lula e Bolsonaro intensificam agendas em locais dominados pelo agronegócio
Daniela SantosIsabella Cavalcante/Metrópoles
Arte Metrópoles Lula: Fábio Vieira/Metrópoles. Bolsonaro: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Faltando sete meses para as Eleições Municipais 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca aproximação com setores do agronegócio para tentar reverter a grande rejeição entre o grupo. Ao mesmo tempo, seu adversário, o ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL), intensifica a agenda com representantes do campo reforçando o papel de cabo eleitoral.
O petista planeja, para as próximas semanas, um giro pelos “estados do agro”, passando por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins e Rio Grande do Sul.
Recentemente, alguns ministros apontaram o desejo do presidente para realizar um tour com ênfase em alguns locais onde Lula não visitou desde que assumiu o terceiro mandato. Nos casos de Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins, será a primeira ida do presidente desde o início de 2023.
Nas agendas, Lula deve fazer um “corpo a corpo”, visitando obras em andamento e participando do lançamento de ações do governo federal. O presidente já havia manifestado o desejo de cumprir mais agendas internas pelo Brasil em 2024. No primeiro ano de mandato, as viagens do presidente tiveram mais foco na política exterior.
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A primeira parada do presidente é em Minas Gerais, nesta quarta-feira (13/3), onde Lula pretende participar da inauguração do complexo industrial da empresa Eurochem, voltado à produção de fertilizantes, no município de Serra do Salitre. A visita pode ser considerada um aceno ao agronegócio, uma vez que o setor é dependente da importação do insumo.
No fim da semana, o chefe do Executivo embarca para o Rio Grande do Sul com o objetivo de fazer um balanço das ações do governo federal no estado e anunciar novos investimentos.
Desafio da rejeição
As visitas ocorrerão em um momento em que o petista enfrenta o desafio de melhorar a aprovação do governo. De acordo com a pesquisa Ipec, divulgada nessa sexta-feira (8/3), a avaliação positiva de Lula caiu cinco pontos percentuais — de 38% para 33%.
O levantamento mostra que a rejeição ao petista é maior em regiões onde o agronegócio domina. No Sul, 57% dos entrevistados desaprovam a maneira como Lula governa. Já no Norte/Centro-Oeste (a pesquisa computa as regiões juntas), a rejeição é de 51%.
Além das viagens, o Planalto pretende desenvolver outras ações para se aproximar de segmentos do agronegócio. Uma das ideias seria promover encontros informais, como churrascos para confraternizar com empresários na Granja do Torto, onde fica a casa de campo oficial da Presidência.
Apesar da relação ressabiada, o governo tem apresentado bons resultados em relação à atividade agropecuária. O setor cresceu 15,1% de 2022 para 2023, influenciando de maneira decisiva o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que atingiu alta de 2,9%.
Bolsonaro também faz giro
Do outro lado da balança, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem intensificado as viagens mirando as Eleições Municipais. Após ser declarado inelegível e virar alvo da Polícia Federal (PF), o ex-chefe do Executivo recuperou fôlego com o ato convocado na Avenida Paulista, no último 25 de fevereiro, que reuniu milhares de apoiadores.
Bolsonaro emendou a manifestação com um giro por municípios do interior de São Paulo. Logo depois, na última semana, o ex-presidente visitou as cidades de Não-Me-Toque e Passo Fundo, Rio Grande do Sul, para participar de uma feira do agronegócio.
Nas redes sociais, ele compartilhou a imagem de uma multidão de apoiadores no evento. “Uma imagem do agro para o mundo”, escreveu.
Bolsonaro também confirmou a participação no lançamento da Norte Show 2024, feira do agronegócio, no município de Sinop (MT), em abril. Nas últimas eleições, o ex-presidente recebeu mais de 76% dos votos na cidade.