A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou a operação Aracne para cumprir o mandado de prisão de um investigado, de 34 anos, e um mandado de busca e apreensão, fruto de investigação de crimes sexuais. O homem, suspeito de praticar, por cerca de quatro anos, vários crimes, foi localizado e preso, nesta quarta-feira (24/1), pela PCMG em Camaçari, Região Metropolitana da Bahia. Na ação, os policiais civis ainda apreenderam dispositivos eletrônicos e o aparelho celular do alvo.
As investigações da Delegacia Especializada de Combate à Violência Sexual (DECVS) em Belo Horizonte apontam que o suspeito, denunciado por estupro, também obrigava a vítima, de 38 anos, a se prostituir e a filmar as relações sexuais com os clientes. Pelo que foi apurado, os vídeos eram vendidos em plataformas de pornografia.
De acordo com a delegada Larissa Mascotte, que preside o inquérito policial instaurado em janeiro deste ano, quando a vítima procurou a delegacia na capital mineira, os crimes estariam sendo praticados desde 2020. O investigado seria um empresário da rede de cosméticos na cidade baiana, onde foi preso, e se passou por mulher para ganhar a confiança da vítima. “Ao acionar a Polícia Civil, a mulher relatou que em setembro de 2020 ela foi morar na cidade de Camaçari e na época foi procurada pelo investigado, via WhatsApp, oferecendo à vítima a possibilidade de fazer fotos nuas sem a divulgação do rosto dela. Diante da fragilidade emocional e também necessitando do dinheiro, ela acabou aceitando fazer as fotos, pensando que receberia o dinheiro e encerraria esse ‘contrato’. Porém, esse empresário que se passava por mulher para ganhar a confiança da vítima, de posse do material, começou a ameaçá-la, divulgando esse conteúdo”, explicou a delegada.
Sobre o crime
Larissa Mascotte detalhou como os fatos ocorreram: “Em um encontro presencial, o investigado comete um estupro, filma o crime, reunindo mais material pornográfico da vítima, e intensifica as ameaças. Ele ainda pega o celular dela, instala um aplicativo espião e passa a exercer total controle da vida da mulher. Ele teve acesso a chamadas telefônicas, mensagens, aplicativos, redes sociais, localização, inclusive a escuta ambiental, da vítima”.
Segundo a delegada, a mulher ainda foi levada, de forma coercitiva, a ser uma profissional do sexo sem receber nada em troca. “Com cem por centro de controle sobre ela, o suspeito começou a fazer da vítima uma escrava sexual, obrigando-a a fazer programas sexuais com outras pessoas, sem repassar qualquer valor para ela”, relatou.
A equipe policial apurou que mesmo depois de um tempo, quando a mulher retornou para Belo Horizonte, ela continuou a ser vítima dos delitos por parte do investigado. “Além de não receber pelos programas sexuais, ele exigia parte do salário dela em troca de ter as vidas dela e da família preservadas. E quando ela tenta se rebelar contra a situação, ele fala para ela se matar e a todo tempo induz a mulher a suicídio”, complementou a delegada ao informar, ainda, que “são cerca de 12 crimes que o suspeito pode responder nesse inquérito”.
Mascotte destacou, por fim, que a equipe ficou na Bahia por quatro dias até localizar e cumprir o mandado de prisão do investigado.
Investigação célere
Para a delegada Renata Ribeiro, que está respondendo pelo Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam), a competência e a rapidez com que a equipe da DECVS realizou os levantamentos resultaram na prisão do suspeito na Bahia. “A vítima procurou a delegacia no dia 12 de janeiro deste ano e ontem o indivíduo foi preso. Então, em menos de 15 dias, conseguimos esse resultado positivo”, ressaltou. Renata Ribeiro considerou que “esse é um exemplo de misoginia e masculinidade tóxica, já que um indivíduo que pratica esses atos sem qualquer afeto pelo gênero feminino realmente demonstra uma aversão a mulheres, principalmente ao buscar mulheres em situação fragilizada para minar a autoestima da mulher”.
O homem, que já foi investigado e indiciado em 2016 por aliciar e fazer cerca de 40 mulheres escravas sexuais na Bahia, encontra-se no sistema prisional à disposição do Poder Judiciário baiano. Em Minas Gerais, a investigação prossegue pela PCMG para identificação de novas vítimas.
Entre os crimes que o suspeito poderá responder, estão: indução ao suicídio, perigo para a vida ou saúde de outrem, extorsão, estupro, perseguição (ou stalking), violência psicológica, invasão de dispositivo informático alheio, registro não autorizado da intimidade sexual, divulgação de cena de sexo ou de pornografia, mediação para servir a lascívia de outrem com emprego de grave ameaça, rufianismo e favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual.